A música pra calar a chuva

Tire um tempo para escutar as vozes gritando do lado de fora. Levante e olhe a chuva batendo em sua janela. Olhe para o brilho das casas nesta noite. Sinta a cidade adormecendo. Feche os olhos e pense no inevitável.
Não os quero ouvir, não os quero pensar. Veja em cada janela, pesadelos diários torturando cada um, e os mesmos não querendo ouvi-los, e os mesmos querendo pensar, e os mesmos evitando a todos. Evitando a todos.
Todos preocupados demais com as vozes, mas ninguém reage a elas, ninguém as ouvi.
As vozes gritam súplicas, elas cantam canções de ninar, elas enchem as ruas, preenchem buracos. Tudo e nada, fazendo tudo ser cheio. Cheio com nada. Cheios de sons.
São mascarados. Quem não percebe seus sorrisos estampando o céu? Quem não os viu dançar, brincar, girar, e ser desenhado frente a Lua? Quem não repara em seu formato, zombando de nós, que dormimos enquanto ela sobe e dança entre os prédios?
Ninguém as escuta... Mas talvez eu só precise de respostas, ou perguntas apropriadas...
Enquanto não as possuo, encosto-me no travesseiro, aumento o rock escondendo-me atrás dos meus fones e evito as vozes lá fora...